Embora seja mais conhecido pelo monumento da mão segurando uma pedra pequena, localizado na praça Silva Teles, a região do Itaim Paulista também tem outros locais que, mesmo pouco conhecidos, fazem parte da história e memória afetiva dos seus moradores. Sem sair de casa devido à quarentena provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), um artista plástico resolveu reproduzir fotos desses lugares em pinturas e divulgá-las na internet.
"Nessa quarentena tive a ideia de mostrar o que a nossa 'quebrada' tem de bom, além do contexto histórico da região e seus ícones", afirmou o artista plástico Alexsandro Gomes, 35 anos, conhecido como "Chuck".
Um dos lugares pintados por Gomes é o córrego Itaim, que nasce no distrito e também passa por Ferraz de Vasconcelos e Poá (Grande SP). "É um dos pontos que são considerados feios, mas que são referência pra gente", afirmou, dizendo que "sempre passamos por um caminho, mas nunca reparamos que ele é tão importante".
Mais de 15 pinturas já foram feitas de ruas, avenidas, igrejas, comércios e personalidades. "Teve um rapaz que pintei que cresci vendo ele pegando uma garrafa e jogando pra cima; chamam ele de "Alegria", afirmou Gomes. "Muitas pessoas estão invisíveis aqui, mas fazem parte do repertório da vida da pessoa inconscientemente".
Ele afirma que quando publicou a pintura do "Alegria" nas redes sociais, recebeu bastante retorno positivo das pessoas, motivando ainda mais seu trabalho. "Isso mexeu com o sentimento das pessoas", disse.
"Queremos valorizar e contar a história dos bairros. Por que eu tenho que desenhar a Catedral da Sé sendo que tem uma igreja que representa minha comunidade? Isso que eu tentei buscar: mostrar a realidade e o que tem de bom aqui", conta.
Gomes, que também é professor de história, trabalha no projeto Arte e Cultura na Kebrada, que realiza ações culturais com desenvolvimento artístico, eventos e arte de rua. O grupo foi responsável pela grafitagem do muro de uma fábrica em São Miguel Paulista (zona leste), contando a história da região; e de um muro entre as estações Itaim Paulista e Jardim Helena-Vila Mara, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) no ano passado.
Gomes conta suas influências e diz que cada quadro leva, em média, duas horas para ser produzido. "É bem trabalhoso. Tem perspectiva, luz e sombra".
"Sou muito fã de uns artistas impressionistas franceses, como [Pierre Auguste] Renoir. Eu estou tentando ir mais pra sair do lado linear e pictórico, pra pessoa meio que entrar na pintura. Também estou estudando o lado impressionista. A gente tá sempre aprendendo", afirma.
O artista plástico diz que já tem recebido propostas e convites para expor suas pinturas em galerias da região. "O pessoal gostou bastante das pinturas, mas quando comecei a fazer, eu não visei expor [os quadros], mas revitalizar o portfólio", afirmou.
Segundo Gomes, "quando você faz uma pintura, ela não é sua, mas de todo mundo", e que "todo mundo tem o direito de ver e ter um sentimento por ela".
A ideia da exposição, segundo ele, é que as pessoas possam "reconhecer sua rua e lembrar de sua própria história nela", diz.
"Gosto muito do Itaim Paulista e tento apresentar ele de uma forma mais sensível e fazer as pessoas terem orgulho de dizer que mora aqui", finaliza.
Todas as pinturas feitas por Gomes podem ser vistas em sua rede social.
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